". . . seria pretensioso dizer que o Espiritismo será o futuro das religiões, mas, certamente será a religião do futuro"

Divaldo Franco - "Viagens e Entrevistas"

"O Espiritismo é a âncora firme que nos sustenta nos mares revoltos destes dias tormentosos pelo qual passa o Planeta"

Joanna de Ângelis


sábado, 23 de junho de 2012

A tese das crianças índigo

A teoria das crianças índigo surgiu em 1999, com o lançamento do livro "The Indigo Children", escrito pelos norte-americanos Lee Carroll e Jan Tober, que não são espíritas.
A obra afirma que crianças índigo são seres mais evoluídos que a média terrena, que reencarnam na Terra a fim de impulsionar o desenvolvimento do planeta, principalmente nas artes e nos demais aspectos do intelecto. 
Segundo essa tese, por não se adaptarem ao estado ainda inferior de nosso mundo, tais crianças têm graves conflitos familiares, na escola, etc. De acordo com a teoria de Carrol e Tober, Crianças Índigo são aquelas que apresentam um conjunto de atributos psicológicos particulares:
• possuem um sentimento de realeza e agem dessa forma.
• inadaptação e reações agressivas quando contrariadas no que consideram justo e correto.
• têm dificuldades com autoridade absoluta, sem explicações e escolhas.
• simplesmente não fazem certas coisas impostas. Por exemplo, esperar quietas é difícil para elas.
• ficam profundamente frustradas com sistemas impositivos e que não necessitam de pensamento criativo.
• freqüentemente encontram uma maneira melhor de fazer as coisas, tanto em casa como na escola, o que as fazem parecer como questionadores de sistema (inconformistas com qualquer sistema).
• parecem anti-sociais, a menos que estejam com outras crianças do mesmo tipo. Se não existem outras crianças com o nível de consciência semelhante em volta, elas freqüentemente se tornam introvertidas, sentindo-se como se ninguém as entendesse. A escola é freqüentemente difícil para elas do ponto de vista social.
• elas não dão importância a pressões e chantagens do tipo: "Espere até seu pai chegar e descobrir o que você fez".
• elas não são tímidas em fazer você perceber o que elas precisam.

O termo "Crianças Índigo" viria da cor da aura dessas crianças, azul escuro. Uma amiga dos autores, Nancy Ann Tappe, é a autora de um livro chamado "Entendendo Sua Vida Através da Cor" (Understanding Your Life Through Color). Nesse livro estão as primeiras informações sobre o que ela chamou de Crianças Índigo. Carrol e Tober sugerem que aqueles que interagem com tais crianças (pais e professores principalmente) devem mudar o tratamento dispensado a elas, a fim de obter uma relação equilibrada e evitar frustrações para essas crianças. Muitas vezes, tais crianças são diagnosticadas como hiperativas ou portadoras de síndromes comportamentais, o que as faz serem tratadas à base de remédios calmantes.

A visão da Doutrina sobre o assunto:

A Doutrina Espírita foi codificada, em 1857. Portanto, ela não se pronuncia especificamente sobre a teoria das crianças índigo, que surgiu no mundo há menos de dez anos. Assim, o Espiritismo nada fala particularmente sobre tais crianças, mas a Doutrina se pronuncia sobre as migrações de espíritos e sobre as futuras gerações que habitarão a Terra. Assim, podemos analisar a questão de espíritos evoluídos que reencarnam na Terra para impulsionar o progresso de nosso mundo.

Portanto, tudo o que os espíritos ou os palestrantes e escritores espíritas afirmarem - além do que está na obra básica - sobre as crianças índigo é produto de seus estudos pessoais, constituem somente uma opinião a respeito do assunto e não podem ser consideradas parte integrante da Doutrina Espírita, sem que haja a confirmação do tempo e da universalidade do ensino dos espíritos.

Como você sabe, a Doutrina Espírita está aberta ao progresso, às novas teorias e às descobertas científicas. Mas para que uma tese seja aceita como espírita é necessário - NO MÍNIMO - que se conheça a base doutrinária e se insira a tese em estudo no contexto doutrinário. Sem conhecer o pensamento lúcido de Allan Kardec e a Doutrina, que se apóia na lógica e no bom senso, não é possível afirmar que uma tese está respaldada (ou não) pelo Espiritismo.

Assim, analisemos à luz da Doutrina a tese das chamadas crianças índigo. É fato que nosso mundo progride. É fato que reencarnam periodicamente aqui na Terra Espíritos destinados a impulsionar o progresso. É fato, ainda, que estamos às margens da mudança de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração e que essa mudança não vai acontecer repetinamente, pois as mudanças são graduais, como nos mostra a observação das leis da natureza. Ora, é natural que à medida que se aproxima a era de regeneração (em que ainda haverá sofrimento na terra, embora em grau menor) reencarnem aqui, cada vez mais Espíritos evoluídos moral e intelectualmente. Isso nos informa a Codificação Espírita.

Sendo assim, as crianças índigo seriam esses espíritos? Para responder a isso é necessário fazer novas perguntas que atendam aos questionamentos da lógica. Uma delas: a inadaptação das chamadas crianças índigo é manifestada através de comportamentos algumas vezes agressivos com pais, irmãos, professores e outras pessoas . Será este o comportamento de um espírito superior? A definição do comportamento de um Espírito Superior está na introdução do Livro dos Espíritos: "Espíritos Superiores distinguem-se dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem". Se as crianças índigo, por seu comportamento muitas vezes questionável, podem ser encaixadas apenas na categoria de espíritos de maior evolução intelectual, mas sem extraordinárias conquistas morais, então concluímos que elas precisam de disciplina e de assistência psicológica e familiar (conforme o caso), além de amor, bons exemplos, cuidados espirituais (passes, educação moral, aconselhamento, atendimento fraterno e até desobsessão) e tudo o mais que um pai deve fazer. Alguns terapeutas e pais recaem no equívoco de orgulhar-se por estar diante de uma suposta criança índigo e usarem desse diagnóstico como desculpa para abrir mão de disciplina e educação. Tais pais acreditam que seu filho é um ser superior que desdenha o comportamento e os valores da média das pessoas. Alguns também distorcem os fatos e afirmam: "Vamos deixá-lo apenas ser como é, pois ele é mestre e está nos ensinando algo". O tempo mostrará o que fazem o relaxamento da boa educação a um espírito que dela necessita. É óbvio que todos os pais aprendem muito com os filhos em aspectos vários (conhecimento de si mesmo, dedicação, exercício da paciência, concessão na hora certa, nova visão de determinados aspectos da vida). Tudo isso é inegável. Mas se deve ponderar também que, em nosso atual estágio evolutivo, a missão dos pais ainda é a de educar os filhos, oferecendo-lhes valores éticos muito sólidos. As novas teses devem ser respeitadas, estudadas e analisadas com boa vontade, retirando-se delas o que trazem de positivo e deixando sob a luz da prudência o que for questionável ou negativo.

Há textos em "Obras Póstumas" e em "A Gênese", ambos de Allan Kardec, sobre a nova geração que habitará a Terra. Nesses textos vemos que o que Divaldo afirma sobre tais espíritos tem base nos livros citados. Assim, a tese das crianças índigo, à luz do conhecimento espírita, é perfeitamente possível. Entretanto, é necessário muito discernimento para não classificarmos qualquer criança questionadora como exemplo de uma categoria de espírito superior. A ciência, particularmente a Psicologia, não estudou suficientemente o assunto para definir com total segurança quem é esse tipo de criança e qual seria a metodologia adequada para lidar com tais espíritos. Dessa forma, a análise de cada caso, sem exageros, é um cuidado essencial. 
Pais e educadores, sem fazer concessões à vaidade ou a opiniões apressadas, devem analisar que método é mais adequado a cada criança, a fim de educá-la, atender suas necessidades espirituais e envolvê-la em clima de amor e segurança.


Outras fontes de pesquisa: 
  • Livro:  "Crianças  Índigos", Lee Carroll e Jan Tober. Editora Butterfly. Tradução de Yma Vick;
  • Palestra de Divaldo que está disponível para venda no site da Livraria Candeia e na Mansão do Caminho. Existe tanto em DVD (que se chama "As Crianças Índigo e a Visão Espírita") como em livro (que se chama "Nova Geração - A visão espírita sobre as crianças índigo e cristal").


Textos para consulta:
  • "A Nova Geração", que está no livro "Obras Póstumas", e que se refere aos espíritos que virão habitar a Terra na transição para a regeneração;
  • "A geração nova", de A Gênese de Allan Kardec.

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